quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Velha Paineira

Velha Paineira (Antônio Tiburcio)




  • Velha paineira de altaneiro porte,
    Cuja copada tanta gente abriga,
    andam tramando contra a tua sorte,
    Andam tramando, minha velha amiga.

    Eu sempre te quis bem, desde menino,
    À tua sombra brinquei, bem descuidado;
    Arrepia-me pensar no teu destino,
    Tombar aos golpes rudes de um machado.

    Será por seres velha nisso importe
    O mal para que a morte te persiga?
    - Derrubem-na! É importuna! Que se corte!
    Há por aí quem queira e quem o diga.

    Cuidaddo, pois, oh velha companheira
    De minha infância e até dos meus amores!
    Defende-te, suplico-te, paineira,
    Defende-te cobrindo-te de flores!

    Talvez que assim coberta de roupagem
    Maravilhosa que te enfeita tanto,
    Ao verdugo lhe falte a atroz coragem
    De mutilar tão majestoso encanto.

    Qual tapete de neve esparramando,
    Depois das flores tu terás a pâina
    Que as maritacas abrirão parlando,
    Em algazarra, em barulhenta fâina!

    Recobre-te de flores, fruots, folhas,
    Defende a tua vida benfazeja,
    Para que, assim, aquele a quem acolhas,
    Te queira bem, te ame e te proteja!

    A tua vida é um padrão de glória,
    Porque em cem anos que tu tens de idade
    Testemunhaste toda nossa história,
    Acompanhando a vida da cidade!

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