sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A noiva do Dr. Lincoln

Olá amigos! Tive o prazer de receber um texto de uma pessoa que foi noiva do Prof. Dr. Lincoln Westin da Silveira para ser publicado aqui. Demorei um pouco porque precisava achar uma foto dele. Espero que gostem.



A noiva do Prof. Dr. Lincoln

Por Maria Stella Terelli Dias








                        Na década de 60, seria talvez 1965, fui com minha irmã para a casa de nossos avós em Monte Belo, antes de seguir para Belo Horizonte , onde fixaria residência com nossos pais e irmãos menores.
                        Certo dia meu tio chegou comentando sobre a chegada de várias pessoas de outros municípios para assistir um júri,  que o Dr. Lincoln, primo de mamãe, brilhante advogado e conhecido em todo o Sul de Minas, faria a defesa.
                        Jovem e curiosa, segui  junto a ele até o local, sendo recebidos pelo Dr. Lincoln, já vestido com a toga, que nos cumprimentou e pediu que nos apressasse e tomássemos o lugar no salão, pois o Júri em breve começaria.
                        No intervalo tivemos com ele uma rápida conversa no corredor, em que meu tio convidou-o para jantar, dizendo que já estaria indo embora, mas que eu ficaria até o fim.
                        Foi um jantar muito agradável, com conversa alegre e muito flerte.
                        Desculpou-se por não poder demorar, pois seguiria viagem até a cidade vizinha, onde no dia seguinte atuaria em outra defesa. Convidou-me para assistir, dizendo que ficaria muito feliz com minha presença.
                        Passei a noite matutando como fazer para deslocar-me para o município vizinho. Fomos então de “jardineira”, minha irmã e eu, mas infelizmente devido ao horário não pudemos ficar até o final.
                        A noite, quando voltou, deixou-me uma caixa de bombons, uma carta romântica e uma poesia sobre rosas.
                        Eu já pensava em seguir para BH, quando minha tia de Alfenas  ligou para vovó dizendo que estava doente e precisava de repouso absoluto. Precisava de alguém para cuidar dos serviços da casa e dos flhos. Ciente da dificuldade que vovó teria para enviar alguém tão rápido, ofereci-me para ir ficar uma semana até que conseguissem alguém para tal.
                         Já em Alfenas comentei com os parentes que tinha assistido dois júris, onde o Dr. Lincoln atuara brilhantemente. Meu primo adolescente começou a rir sem parar. No dia seguinte meu primo pediu que eu colocasse uma roupa bem bonita, porque a noite receberíamos visitas, achei que fosse para  tia adoentada. Para surpresa de todos a visita era o Dr. Lincoln, que chegou com bombons. Ali naquela noite começamos a namorar.
                        Acabei ficando quase um mês em Alfenas, até que meu irmão mais velho ligou pedindo que pegasse o ônibus para BH, pois já tinha emprego para nós duas. Ficamos alguns meses na casa do avô paterno, até que nossos pais chegassem de São Paulo com a mudança.
                        Enquanto isso passei a corresponder com o Lincoln, que logo apareceu de surpresa na casa de vovô. Foi convidado a jantar, e meu tio também advogado chamou-o para trabalhar em BH, em um escritório já muito conhecido.
                        Nossa conversava sempre muito interessante e agradável.  Filosofava, declamava, falava muito de seu ídolo Thomás more, e de suas obras: A súplica das Almas, Rosa......, e apreciações jurídicas, tratados etc....
                        Passadas algumas semanas, apareceu novamente. Nesta oportunidade perguntou-me se me casaria com ele para morar em Alfenas, pois se sentia responsável pela mãe e irmãs e fazia questão de estar com elas.  Propos então que morássemos numa edícula, na rua ao lado da casa da mãe. Aceitei e disse que também trabalharia para ajudar nas despesas, e assim um dia poderíamos ter uma casa melhor.
                        Comentei com meus padrinhos de batismo que ficaram tão felizes que iniciaram meu enxoval. Foi combinado com meus tios, que ele iria me apresentar ao Lions Clube, em um jantar em data a combinar com antecedência em Alfenas, para que esperássemos meu pai chegar de São Paulo para me acompanhar. Ficamos aguardando então a data.
                        Antes de qualquer notícia sobre o assunto, já trabalhando em dois empregos e estudando a noite,  apareceu um moça em meu serviço dizendo ser a namorada de muitos anos do Lincoln, em que não deixaria de forma alguma que ele se cassasse comigo. Foi um verdadeiro rebuliço na minha vida e na minha cabeça. Meus tios ficaram decepcionados querendo uma satisfação...
                        Comuniquei-me com ele por telefone e logo em seguida ele apareceu rapidamente em BH, confirmando nosso noivado, que iríamos nos casar e meu pediu que esquecesse o ocorrido e que não tocasse mais no assunto. Contou-me ele que todas as tardes, quando chegava em casa, tirava a camisa e sua mãe coçava-lhe as costas, e que isso relaxava-o muito. Prometi então que faria o mesmo depois de casados.
                        Como sou sensitiva desde criança, em certa ocasião tive uma visão do Lincoln conversando com uma chinesa , num circo, muito alegre e risonho e ela de maiô. O ciúme bateu e então telefonei a ele pedindo explicações. Ele não gostou, achou que tinha pedido a alguém para vigiá-lo, e mesmo explicando que era sensitiva acho que não acreditou.
                        O tempo corria e as cartas foram ficando mais escassas, a paixão foi esfriando e a vida no corre-corre, e a prioridade de ambos era sua respectiva família.
                        Não escrevi mais, tão pouco recebi outras cartas. Dei então por encerrado nosso namoro.
                         Em certa ocasião fomos convidados para um aniversário em outro bairro. Era uma festa com muitos jovens e três deles me olhava e riam, o quê me constrangia. Perguntei então a um deles o que ocorria, ele prontamente respondeu: -Você não é a noiva do Dr. Lincoln? Fiquei realmente assustada e disse a ele que tinha sido namorada e que ele deveria estar com a outra noiva, ao que responderam, que a cidade toda sabia que a noiva era eu.
                        Dois anos depois conheci um novo amor, com quem me casei e vivi estes 45 anos de grandes realizações.
                        Porém, morando em Florianópolis, um dia estava a plantar flores, quando tive uma visão com o Lincoln dizendo que viera se despedir. Falou do amor que sentira por mim e de muitas cartas extraviadas... Liguei para  minha tia que me confirmou o falecimento dele...
                        E assim, agradeço a Deus por conceder-me nesta vida amar e ser amada por dois homens sensíveis , inteligentes e generosos.

Stella


                       Foto da Stella no carnaval de Tiradentes.
                       




quarta-feira, 15 de agosto de 2012

LUBISOMI

LUBISOMI 

Por Alcione Oliveira







DIZ O POVO QUE É O MARCELO

MORADÔ LÁ DO MARMELO
O LUBISOMI DAQUI...

NAS NOITE DE LUA CHEIA

A GENTE INTÉ SE ARREPEIA
TEM MEDO INTÉ DE SAÍ.
QUEM ÓIA PRÊLE JÁ VÊ
OS PELO DO CORPO CRESCÊ
AS FEIÇÃO DISFIGURÁ!
ELE CORRE PRA DENTO DO MATO
E OIANO A LUA NO ARTO
ELE CUMEÇA A UIVÁ!
NOS DENTI TRAIS OS FIAPO
DAS COISA PEGA NO MATO
DAS CAÇA QUE FEIZ POR LÁ!       
AS UNHA SUJA QUE VEM
INTÉ BARRO DIBAXO TEM
DE TANTU O CHÃO ARRANHÁ!
TRAIZ O CORPO BEM MARCADO
DOS ISPINHU INTRELAÇADO
DOS ARRANHA-GATO ISFREGÁ!
AS CRIANÇA SAI CORRENO
JÁ CHORANO,SÓ SE VENO
ELE NA ISTRADA PASSÁ!
DIZ QUE É A MARDIÇÃO
DO BENZEDÔ SÔ ANTÃO
POR CONTA DA SUA PAXÃO                
PAMODI A DINORÁ!
ELA NUM QUIS ELE NÃO
FOI SE DEITÁ CUM SIMIÃO
O SEU AMÔ COMPROVÁ!
OIANO O CÉU TÃO BUNITO
LUA CHEIA NO INFINITO
ANTÃO PROMETEU SE VINGÁ!
SE OCÊ INCHÊ O BUCHO
SE TEU FIO NUM FÔ UM BRUXO
LUBISOMI HÁ DE VIRÁ
PRA ANSIM A VIDA INTERA
OCÊ DE MIM SE ALEMBRÁ!
ACENDEU UMA VELA PRETA
OFERECEU PRO CAPETA
E CUMEÇÔ A REZÁ...


DINORÁ OIÔ PRU CÉU

DAS LÁGRIMA PUXÔ O VÉU        
QUE OS ZÓIO VEIO IMBAÇÁ.
VIU sÃO jORGI TÃO VERMEIO
NO REFREXO DO ESPEIO
DA LUZ DO SEU OIÁ!
MEU SANTO VÊ SE OCÊ PÓDE    
NA LUA SE ISPREMÊ
NAS NOVE LUA QUE VEM
A CHEIA NUM PARECÊ!
OS MEIS FOI SE PASSANO
AS LUA INO E VORTANO
A CRIANÇA PRA NASCÊ...
NOVE LUA CUMPRETÔ
A CHEIA NO CÉU DISPONTÔ
QUAJI QUERENO ISTORÁ...
MEIA NOITE INTÃO BATEU
A BORSA DÁGUA ROMPEU
PRA CRIANÇA ISPURSÁ.
O MININO QUE NACEU
NEM UM CHORINHO NUM DEU
JÁ CUMEÇÔ A UIVÁ!!!

Alcione Oliveira
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