domingo, 27 de novembro de 2011

Placenta



Sabe o João Golô, meu amigo e compadre?
Pois é, não demora muito vai botar os pés aqui no açougue. Fica zanzando pra tudo que é lado, conversa daqui, espia de lá até pedir uns trem esquisito.
A gente fala, explica que a carne tem outro nome, mas num a meio de aprender, com ele não tem conversa diz que estamos enganando e zombando dele.
No seu jeitão de falar, eu até dou razão; repreender, não adianta.
Ele fica ofendido e também num sou louco de deixar o homem endoidá de vez, os braços são taludo de dar gosto. O homem tá mais pra touro desembestado que boi de frigorífico.
Dali a pouco chega o João Golô no seu caminhãozinho pé de bode e vai dizendo:
- Bom dia, pessoal.
- Comé que vai?
- Empurrando com a barriga João.
- E o resto das coisas?
- Tudo em ordem.
- Alguma novidade?
- Tem não João.
- João acabou de plantar o milharal?
- Tudo terminado.
- Agora só falta São Pedro mandar chuva, né mesmo João?
- Deus me livre.
- Aí, me quebra as pernas.
- Bão a prosa tá boa, mas eu vim aqui mesmo, ocê sabe?
- Sei não João?
- Pegar o combinado. A carne?
- Qual mesmo João?
- A PLACENTA, num lembra não.

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