domingo, 27 de novembro de 2011

Cartinha a Jesus (Antônio Tiburcio


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    Querido Deus

    Nessas ligeiras linhas que eu mesmo as escrevi conforme pude,
    Venho Lhe contar toda a minha triste história dessa vida rude.
    Eu nasci sem ao menos ter tido alguém a quem chamar de pai,
    Hoje, órfão perdido, minha história por aí se vai.
    Bem que procuro, mas não acho um meio de ser feliz, sem ter a quem amar,
    Um materno regaço, um amigo seio onde eu possa a cabeça repousar.
    Não me importa, Jesus, o frio que sinto, minhas calças em trapos, os pés no chão,
    Não me humilha também, e não Lhe minto, eu de porta em porta a estender a mão.
    Pelo Natal, ao bimbalhar dos sinos, quando Noel espalha mil presentes,
    Não me invejo de ver outros meninos com seus brinquedos, todos sorridentes.
    Não, Senhor Deus, eu juro, tudo aguento porque tenho esperança no Senhor,
    Por ser menino não se perde o alento, é preciso ter fé no Seu amor.
    Eu nunca Lhe escrevi nem pedi nada, essa é a primeira carta entre nós dois,
    E o Senhor que é tão bom, tão camarada, não vai deixar meu caso pra depois.
    Futilidades de menino rico não servem pra mim, vê lá, quem diz!
    Acostumei a ser pobre, pobre eu fico, só quero um jeito de ser mais feliz.
    Só quero que o Senhor me mande urgente, assim que receber essa cartinha,
    Aquilo que eu direi o meu maior presente, para alegrar minha alma coitadinha.
    Terminando, permita que eu Lhe peça aquilo que eu mais quero e é tudo enfim:
    Eu quero a minha mãe, mande-a depressa, e que nunca se aparte mais de mim!

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