domingo, 27 de novembro de 2011

Guarda Rodoviário


                                     GUARDA RODOVIÁRIO.
Por Túlio Faria

Seu Túlio Régis Faria levou um susto danado; quando seu filho Gustavo anunciou que seguiria uma carreira militar, ninguém esperava uma coisa dessas. Gustavo foi dizendo num carece de se preocupar comigo, meu pai.
Gustavo acabou o curso de policial militar, pegou dinheiro emprestado do pai engatou no curso preparatório pra policial rodoviário; arregaçou as mangas, meteu os peito, chegou junto e; vou fazer meu nome.
O nome Gustavo Poltronieri Faria Júnior foi dado por seu pai, que chamava seu Túlio Régis Faria, o Junior mesmo o povão não sabia pra quê?...
A Jaguariúna era enorme, as ruas compridas que desembocava na Igreja Matriz.
Então pra mostrar serviço tratou logo de escrever pros colegas de turma, procurou e especulou daqui e dali o quanto pôde e, finalmente comprou uma lambreta, equipou a bicha de cabo a rabo, o capacete comprou logo dois, tinha importado do estrangeiro. A farda era um brinco, nenhuma ruguinha, nada, nada, e a botina; mais parecia um espelho de tanto que lumiava, chegava até arder os olhos. E o óculos? Era de armação vermelha e lentes alaranjadas de cores vivas.
A fama do policial Gustavo corria até as cidades vizinhas, muitos vinham buscar recurso dele. Muito disposto, não tinha hora pra terminar o trabalho, até nas estradas de servidão ele aparecia. De uma banda pra outra às vezes voltava das suas andanças só de noite.
Era o policial campeão em multas, multava qualquer um. Podia ser o filho do juiz, delegado, prefeito, dentista, médico, com ele não tinha isso não. Dizia:
- Lei é lei, tem que ser respeitada e cumprida, custe o que custar.
O povão ficava até de boca cheia de falar do policial Gustavo, bem que nossa cidade precisava de alguém de respeito
Uma tarde quando foi socorrer um acidente na curva noventa de um caminhão de carga, perdeu o capacete. O motorista do caminhão aflito, gesticulava, coçava a cabeça e fazia sinais. Era um motorista de pouca idade e pouca experiência. Gustavo tentava acalmar, espichando a conversa, o sol queimando que nem brasa, pensava em como sair daquela enrascada, mas o sujeito não dava trégua.
Só quando chegou o socorro e o guincho o homem se acalmou. Gustavo buscou outro capacete reserva e continuou seu trabalho, quanto mais andava, mais o nariz coçava, ficou igual um pimentão vermelho.
Depois de esfriar a cabeça com o tal acidente, parou na igreja pra agradecer, rezou um bucadinho pedindo mais proteção, na hora da saída, encontrou o Amauri.
Amauri o maior halterocopista de Jaguariúna, era um oi, um gole. Vivia de bar em bar, quando num tava bêbado, tava de ressaca.
Amauri disse:
- Boooaaa Tarrde, seu Gustavo?
- Boa Tarde.
- Ôoo seu Gustavo, se taaa fazendooo comeerrcial?
- Você endoidô, seu Vagabundo.
-  Com respeito que Ôceee merece, mas ocê ta parecendo o peru da sadia do comercial da televisão, sô.

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